domingo, julho 31, 2005

Há certas coisas para as quais já não tenho idade. Andar de carrossel é, certamente, uma delas. Ali estava eu, contigo, a única pessoa capaz de me convencer a entrar naquela frágil cabine, inspeccionando a segurança da barra de protecção, dos cabos de aço que nos sustinham, da trave que nos ligava ao engenho central. Deve ser a única coisa que não mudou, esta minha tentativa desesperada de garantir a nossa segurança. Isso, e a tua paciência infindável, para, repetidas vezes, proporcioniais ao tempo de espera, me mostrares que o cinto de segurança estava efectivamente bem preso e que não se ia soltar no momento do arranque do carrossel. Longos minutos de repedidas voltas, primeiro para a frente, depois para trás, e, finalmente, para a frente de novo. Tu rias a plenos pulmões, cada vez que a cabine nos deixava sem norte. Rias e rias e rias. Tanto que, apesar de todo o meu desconforto*, eu teria rido também, não fosse o facto de não conseguir emitir o mais pequeno som à velocidade que iamos. Depois, de volta ao chão, pude constatar que a terra deixou de ser firme e balouçava, ora para um lado, ora para o outro, durante toda a nossa caminhada. E assim permaneceu, largos minutos, horas.

* Devo salientar que a qualidade do leitão, do melhor que eu tenho comido, do "Pedro dos Leitões", tem a sua responsabilidade neste desconforto.

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