domingo, janeiro 07, 2007
Quanto mais me bates mais eu gosto de ti
Ela estava a dormitar ao sol quando ele passou, no seu passeio habitual de final de tarde. Ainda antes de ela o ter visto já ele aclarava a garganta para lhe fazer juras de amor eterno. Porém, ela não estava para aí virada e resolveu ignorá-lo. Ele, dominado pela tal “eloquência do amor”, resolveu insistir, usando todo o seu latim para a convencer. Tão concentrado estava na sua declaração que não se apercebeu da perigosa proximidade em relação à sua esquiva amada. Ao sentir que a sua privacidade tinha sido invadida e não se deixando comover nem um pouco pelo discurso emocionado daquele pinga-amor, ela decide passar das palavras aos actos. O que se seguiu não foi uma cena bonita de se ver, com arranhões e dentadas pelo meio. Tanta confusão atraiu os curiosos das redondezas, o que levou a que o improvável casal se apartasse, seguindo cada um para seu lado. Ela, que tinha ficado bastante irritada por ter sido interrompido o seu sono de beleza, esperava ter sido suficientemente clara ao manifestar a sua vontade de que aqueles encontros não se repetissem. No entanto, e ao que dizem o amor tem destas coisas, apesar de ter o focinho todo arranhado, ele não desistiu e naquela mesma noite voltou para lhe fazer uma serenata, miando a plenos pulmões, à espera de conseguir ver nem que fosse a ponta dos bigodes da sua amada. Enfim, é Janeiro...
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