“É pena que vós não conheçais, vós estudantes, o supérfluo e o luxo em que viveis. Mas eu também era assim quando era estudante. Estuda-se, trabalha-se, não se é preguiçoso, julgamos poder dizer que somos diligentes, mas quase nem sentimos tudo o que poderíamos realizar, tudo quanto poderíamos fazer com esta liberdade. E de repente chega uma convocação do Directório, precisam de nós, dão-nos uma cadeira, uma missão, uma função, daí passa-se para um escalão mais elevado e vemo-nos presos inesperadamente numa rede de obrigações e deveres que, quanto mais nos agitamos, mais encolhe e se aperta. Em si mesmas são apenas tarefas pequenas, mas cada uma delas leva o seu tempo próprio a fazer, e as funções dum dia comportam mais tarefas do que horas. Está bem assim, não é preciso que seja de outra maneira. Mas quando, entre as sessões e as deslocações de serviço, nos lembramos por um momento da liberdade que possuíamos e perdemos, da faculdade de não trabalhar por ordem, de fazer vastos estudos sem limites, podemos muito bem ter um momento de lamento e imaginar que se a voltássemos a ter, saborearíamos até às borras as suas alegria e as suas possibilidades.”
in O Jogo das Contas de Vidro, Hermann Hess
Todos os “profissionais do estudo” deviam ler isto com muita atenção. Eu julgo que, mais cedo ou mais tarde, todos acabamos por sentir saudades dos tão famosos “tempos de estudante”. Eu sinto isso agora… A juntar a esta saudade também sinto muita admiração por aqueles que não são de lamentos e resolvem, intrepidamente, voltar a estudar, acumulando com as “pequenas” tarefas rotineiras o prazer de navegar no oceano do conhecimento. E, certamente, vão valer a pena todos os esforços redobrados, pois a sua alma não é pequena!
quinta-feira, janeiro 26, 2006
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