
Peanuts, 1960
«The best time to plan a book is while you're doing the dishes.» Agatha Christie



Quando vemos um trailer, enfrentamos um problema de assimetria de informação - quem fez o trailer está mais informado e sabe se o filme é ou não bom. Nós, meros espectadores, vemos o que nos mostram naqueles trinta segundos. Porém, podemos contornar a questão através da sinalização. Sinais de qualidade. Edward Norton é um deles. Se entra, é porque o filme é muito bom ou, nos casos em que seja menos bom, a interpretação é notável, o que vai dar ao mesmo.
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Olhe, foi há coisa de seis, sete anos, que isto agora está tudo diferente. Agora a inspecção já não é assim. Mas, dizia-lhe, há seis, sete anos passei ali na junta de freguesia para ver os editais e vi qual é que era o dia. Eu trabalhava, nessa altura, pois trabalhava, mas tinha tempo livre, sim, tinha tempo livre. E então fui, que eu gostava muito dessas coisas. Fui e pus-me ali, do outro lado da rua, a apreciar o espectáculo. Que eu gostava muito daquelas coisas. Então pus-me ali, de mãos atrás das costas, com o jornal assim
o saco de plástico que trazia na mão era um jornal dobrado em quatro
debaixo do braço, armado em papo seco. Eram mais de quatrocentos mancebos. Quatrocentos, menina. E eu ali, do outro lado da rua, a apreciar o espectáculo. Ocupavam a rua toda, trânsito parado e tudo. Trânsito parado. Pois, então eles eram mais de quatrocentos! Olhe, veio de lá uma menina fininha, fininha, muito fininha. Alta. Metro e setenta e cinco. Fininha
passava a mão no saco enrolado, muito enrolado, muito fininho
e eu estava ali, do outro lado da rua, jornal debaixo do braço
o saco no lugar do jornal dobrado em quatro
armado